sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Estado d'Alma III

No dia em que escrevo estas linhas, decorre mais uma greve dos ferroviários da CP e da CP Carga. Estas greves, que se arrastam no tempo (já não me recordo quando começaram, mas foi há mais de um ano) desgastam o sector, fazendo com que os poucos passageiros que ainda resistem nos serviços regionais, procurem alternativas. Muitos deles não voltam mais, porque se cansaram doas constantes supressões, consequência directa das greves.

Não questiono a legitimidade da greve, questiono sim a sua eficácia. A greve dos ferroviários da CP e da CP Carga prejudica os clientes e não o governo ou a administração da CP. Para estes, está tudo bem. Comboios regionais suprimidos, significa menos prejuizo. Para os ferroviários também está tudo bem, porque não recebem da empresa, mas recebem os dias de greve, que são pagos pelo sindicato.

Afinal quem é prejudicado? É o cidadão comum, que infelizmente necessita do comboio para chegar ao seu emprego e assim garantir o seu posto de trabalho. Refiro-me em particular aos trabalhadores das zonas urbanas de Lisboa e Porto, que diáriamente enchem os comboios suburbanos.

Quem lucra com ests greves? Lucam as empresas de camionagem (que transportam a craga que a CP Carga não é capaz de colocar nos destinos), lucram os grupos Barraqueiro/Transdev, detentores da frota de autocarros que nos dias de greve se desdobra para transportar todos os passageiros do "Longo Curso" e lucra o governo, de forma directa, reduzindo prejuizos na CP e aumentando receitas provenientes de portagens e impostos sobre produtos petroliferos.

Mas afinal para que servem os sindicatos? Para convocar greves e mais greves, ou para encontrar soluções para os problemas do trabalhadores?

Mudando a agulha, que isto das greves é um assunto muito sensível .... a Takargo tem realizado nos últimos dias algumas acções de formação, nas linhas mais a sul. Pela movimentação, adivinha-se que em breve haverá novidades ...
(foto de Pedro Sabino @ RailPictures)

Termino este artigo com uma nota de rodapé: o transporte ferroviário de passageiros, em especial o de longo curso, é quase sempre mais caro que a alternativa rodoviária (leia-se autocarro). Se o serviço regional já está moribundo, o longo curso, com estas greves para lá caminha. Os passageiros da ferrovia depressa descobrem que afinal o autocarro até oferece mais serviços e maior regularidade que o comboio ....


Nota 1: este blog não representa qualquer organização, empresa ou tendência ferroviária. É apenas e só um espaço de opinião.
Nota 2: as fotos que ilustram este artigo estão identificadas com o nome do autor e quando aplicável, com a referência onde foram encontradas.

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